Faltavam duas semanas para o término da 12ª Documenta de Kassel. A pequena cidade alemã recebia então um sem fim de pessoas de todos os lugares possíveis, transformando a paisagem normalmente bucólica em uma frenética. A mostra se realiza a cada cinco anos, ocupando diversos espaços com arte contemporânea de ponta. Um deles, em meio a um bem cuidado parque, é o museu Wilhelmshohe Castle. Em seu acervo estão raridades de Rembrandt e Frans Hals, da era de ouro holandesa. Em uma das salas, a obra “Funk Staden”, de Dias & Riedweg, até então por mim desconhecidos. Essa junção do atual com o antigo por si só já transformava a experiência em algo único. Subitamente, minha atenção foi despertada por uma música vinda diretamente dos morros cariocas: “Eu só quero é ser feliz”. O corpo teve dúvidas se dava uma leve dançada, denunciando a origem, ou se ficava quieto para não dar bandeira. Em questão de segundos o lugar se encheu de visitantes a observar a obra da dupla, formada por um brasileiro e um suíço.
A arte pelo mundo passou a ser reproduzida e, nos anos 1890, muitas das revistas internacionais de arte já tinham fotos; os estilos de arte podem ser observados, as teorias debatidas e as técnicas compartilhadas; pela imprensa, que foi inventada por Johann Guttenberg por volta de 1450, assim os livros e e arte podiam ser impressos e distribuídos em grande quantidade; pela internet, alguns artistas colocam suas obras em exposição e podemos pesquisá-las, bem como saber sobre outros estilos.
domingo, 20 de junho de 2010
"Paraísos Possíveis" apresenta obras de dois artistas em trânsito pelo mundo
Faltavam duas semanas para o término da 12ª Documenta de Kassel. A pequena cidade alemã recebia então um sem fim de pessoas de todos os lugares possíveis, transformando a paisagem normalmente bucólica em uma frenética. A mostra se realiza a cada cinco anos, ocupando diversos espaços com arte contemporânea de ponta. Um deles, em meio a um bem cuidado parque, é o museu Wilhelmshohe Castle. Em seu acervo estão raridades de Rembrandt e Frans Hals, da era de ouro holandesa. Em uma das salas, a obra “Funk Staden”, de Dias & Riedweg, até então por mim desconhecidos. Essa junção do atual com o antigo por si só já transformava a experiência em algo único. Subitamente, minha atenção foi despertada por uma música vinda diretamente dos morros cariocas: “Eu só quero é ser feliz”. O corpo teve dúvidas se dava uma leve dançada, denunciando a origem, ou se ficava quieto para não dar bandeira. Em questão de segundos o lugar se encheu de visitantes a observar a obra da dupla, formada por um brasileiro e um suíço.
Um passeio pelo mundo virtual da arte paranaense
É notória a migração de jornalistas de renome para endereços virtuais. No Paraná também está acontecendo isso. Um jeito pessoal de ver o mundo e a liberdade de escrita são características de sites como Bacana,O Bule, Movimento Leite Quente, Cracatoa Simplesmente Sumiu, Tinidos, O Plano b.
O Movimento Leite Quente é resultado da postura ‘guerrilheira” em prol da música curitibana de Marielle Loyola, vocalista da banda Cores d Flores. Lá, o visitante vai encontrar um cadastro de bandas paranaenses, entrevistas e textos de alguns colaboradores, também sobre teatro. O Tinidos é feito por jornalistas que estão começando na carreira e músicos. Começou como um projeto de conclusão do curso e tem cacife para virar uma referência. Tem colunas como Na Estrada (resenhas de shows fora de Curitiba), Tinidos do Mês (um artista a cada edição) e o Fórmula Indie, que passa contados de selos, gravadoras e produtores para facilitar a vida de quem está começando. Entre os envolvidos nesse projeto estão a jornalista Fabiana Bubniak e o músico Rodrigo Lemos (da banda Polexia).
O Bule é mais antigo, está na ativa desde 2000, resultado também de um projeto de conclusão de curso. Entre seus 12 colunistas estão algumas pessoas conhecidas de longa data do circuito das artes locais. O projeto foi idealizado por Guto Gevaerd e André Scheinkmann, “numa época em que - parafraseando o Leminski - Curitiba ainda estava à procura de sua identidade cultural. (Hoje estamos quase achando.)”, diz a apresentação. Decidiram fazer um informativo sobre o melhor da cultura de Curitiba, do Brasil e do mundo - e José Vargas fez a produção visual. “A primeira fornada ficou uma beleza, e recebeu três notas 10 da banca de avaliação”, conta o site no link sobre sua história.
Já o Bacana abriga os textos de cultura e comportamento de Abonico Smith, jornalista conhecido nacionalmente por sua dedicação ao jornalismo musical. Desde que saiu das redações de jornais, há cerca de 5 anos, ele vem soltando suas opiniões nesse endereço eletrônico, onde também publica entrevistas e não se atém só à cena local.
Outro endereço interessante é o Cracatoa Simplesmente Sumiu, capitaneado por outro jornalista veterano, Alessandro Martins – junto de Alícia Ayala, Karla Juliane, Pedro Cunha. Começou como uma coluna dele em outro site, virou um blog e finalmente assumiu o formato atual. Aos poucos foram entrando novos aliados e hoje são cerca de 20 colaboradores entre colunistas, fotógrafos, ilustradores e designers. “A idéia é em linguagem simples contar histórias. Para isso usamos a fotografia, o texto, o som de diferentes maneiras, das mais tradicionais às mais diferenciadas. Não nos preocupamos em ser inovadores, no entanto temos nos dedicado à narrativa nas mais diferentes formas”, explica Martins. Uma seção onde se foge um pouco do enfoque narrativo é a coluna Garota Cracatoa. “Buscamos uma forma alternativa de mostrar a nudez e a beleza feminina, nunca em busca da perfeição, mas do belo que pode haver no real”, conta. Tem ainda o projeto Eu Estive em Cracatoa (no qual os leitores mandam suas fotos preferidas para que Martins conte histórias com elas), e Tarô de Cracatoa, em que textos do jornalista ilustram cartas criadas pelo artista plástico Thiago Gonçalves.
O Cracatoa não passa mais de dois dias sem atualização. Para o jornalista. a internet é hoje um meio de expressão artística mais forte até do que os meios físicos. “Tomo o meu caso como exemplo. Para publicar um livro teria que correr atrás de Lei de Incentivo. Editaria uns mil exemplares que ficariam encalhados em algum lugar e, dada a qualidade dos produtos que saem através dos instrumentos de mecenato, nem seriam levados a sério. O que escrevo não chegaria aos potenciais leitores”, argumenta. Na internet, ele tem pelo menos 150 leitores fiéis além de outros 150 esporádicos, muitos deles estão no exterior, até no Japão. A tendência é que isso cresça. “Dizem que a internet não é um meio que privilegia a peneridade de um trabalho. Na verdade, não estou preocupado com a peneridade. Estou preocupado com agora. Deixe que a posteridade cuide dela mesma com a sua habitual sabedoria”.
Endereços:
www.mleitequente.innnet.com.br
www.tinidos.com.br
www.obule.com.br
www.bacana.mus.br
www.cracatoa.com.br
www.oplanob.com.br
Premiações e Festivais pelo Mundo da Sétima Arte nos últimos dias
A Associação dos Produtores escolheu o filme Slumdog Millionaire, do diretor Danny Boyle como o melhor filme de 2008. O maior prêmio da Associação vai para o produtor do filme, Christian Colson, em cujo currículo constam apenas mais três filmes alternativos. O prêmio é considerado um importante termômetro para o Oscar, já que parte de seu júri também faz parte da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que decide quem ganha o Oscar. E ai, vai apostar nele para o Oscar?
Prêmio Lumière
O filme "Entre Les Murs" (The Class) recebeu o prêmio Lumière da Academia Lumière concecido pela imprensa internacional na França como melhor filme de 2008, ele já recebeu a Palma de Ouro em Cannes 2008 e também esta na lista dos indicados a melhor filme estrangeiro ao Oscar 2009, divulgado está semana. O longa de Laurent Cantet baseado em livro do professor François Bégaudeau, que também interpreta a si próprio no longa, o filme fala de um entusiasta professor de francês em uma difícil escola parisiense, lugar de mistura étnica e social, um microcosmo da França contemporânea.Veja a lista oficial dos indicados ao Oscar 2009
Veja os filmes selecionados
sábado, 19 de junho de 2010
Arte com Pneu
Espaço de fogo e revolta
"Não gosto de falar do meu trabalho como algo artístico. Meu trabalho é minha revolta, meu grito contra a barbárie que o homem pratica."
Assim o polonês Frans Krajcberg definiu numa entrevista seu trabalho deartista plástico e ambientalista. Suas esculturas expressam de forma impactante as mazelas que fazemos com o planeta em que vivemos, principalmente as florestas. Krajcberg possui uma maneira visceral de mostrar o impacto das queimadas, do desmatamento e de outros problemas que assolam a natureza brasileira; traz à tona o papel do homem nessas intervenções. Por essas e outras (que incluem morar desde 1971 numa casa projetada em cima de uma árvore queimada em Nova Viçosa - BA), Krajcberg é um predileto meu desde que pela primeira vez tomei conhecimento de sua obra, num curso de arte contemporânea nos idos de 95.
Maquete da "Casa na Árvore", escultura-obra arquitetónica de Krajcberg feita sobre um tronco em Nova Viçosa, BA.
Krajcberg, além de escultor é fotógrafo. Documentou de forma pungente em livros belos - e tristes - a realidade ecológica da Amazônia e do Pantanal brasileiro, lugares que visitou inúmeras vezes. Também retratou a destruição da Mata Atlântica no Paraná, em São Paulo e mais recentemente da floresta e dos manguezais do sul da Bahia. É conhecido por utilizar madeira queimada, tinturas de árvores, troncos mortos e restos de destruição ambiental como matéria-prima para produzir as esculturas que liberam seu grito de alerta ambiental. Suas obras transpiram o orgânico, o morto-que-devia-estar-vivo, a luta pela sobrevivência. Krajcberg é um cidadão do mundo preocupado com o futuro do planeta e especificamente dos ecossistemas brasileiros, que faz ambientalismo visceral (é membro de ONGs, participa de reuniões e ventos ambientais, ativamente colabora com a comunidade de Nova Viçosa etc.) e demonstra toda sua preocupação da forma que sabe fazer melhor: artisticamente.
Sendo admiradora de seu trabalho e estando mês passado em Curitiba, não poderia portanto deixar de visitar o Espaço Frans Krajcberg, dedicado a 100 obras desse artista e ambientalista tão importante para o perfil do Brasil. O Espaço fica ao lado do prédio principal do Jardim Botânico e é uma visita rápida que merece ser feita.
Construído por Jaime Lerner (onde está wally?) para abrigar as 100 obras que Krajcberg doou à Prefeitura de Curitiba, o Espaço circunda a estufa principal do Jardim Botânico como se fosse uma grande minhoca de vidro - arejar o solo do Jardim, será essa a mensagem subliminar desse projeto? O local é abafado feito estufa - outra mensagem subliminar? (Faria a ambientação parte do significado da arte? ;) )
Dentro do prédio, grupos de esculturas, cada uma com seu "tema". Em menos de meia hora você visita o Espaço. São minutos impactantes, entretanto, de arte que te faz pensar, refletir, engolir seco a angústia. Os troncos queimados e cipós pendurados, o vermelho-fogo com que tinge suas esculturas de labaredas... tudo é intenso. Krajcberg mostra para todos que passam por seu espaço em Curitiba seu grito de revolta permanente contra o fogo destruidor, essencial e muito significativo no grande abafo do mundo em que vivemos. Imperdível.
Tudo de bom sempre.
**************
- Krajcberg está com uma exposição na Oca, no Parque Ibirapuera, até dia 14/dezembro, chamada "Frans Krajcberg: Natura". A exposição faz parte do"MAM na Oca", exposição que celebra os 60 anos do Museu. Paulistanos, não percam!
- Esse post é dedicado ao meu amigo Gabriel, apreciador de artes e genes que hoje comemora mais um ano de vida. Feliz aniversário!! :)
14.Julho.08
Duas dicas oceânicas luciamallísticas*
As duas dicas vão para quem está pelos lados da costa leste americana (Boston e Washington DC, especificamente). Eu estou comentando porque têm tudo a ver com minha paixão pelo mar - e se eu estivesse por lá iria nas duas sem pensar muito! :)
- Em Washington:
O Museu Nacional de História Natural Smithsonian está, desde o dia 11 de junho, com uma exposição gratuita de fotos chamada "Ocean Views". Algumas imagens maravilhosas podem ser vistas na página do museu, mas acho que a dica é, se você tiver oportunidade, vê-las no tamanho enorme em que estão expostas. A exposição teve uma boa crítica no Washington Post, que revela que a exposição foi idealizada para inaugurar o Ocean Hall do museu. Excelente começo!
Minhas 3 obras de arte favoritas
Eis então minhas 3 obras de artes plásticas favoritas (com a absoluta certeza de que estou esquecendo pelo menos umas 20, mas.) e o por quê:
Eu era uma adolescente cheia de espinhas no rosto quando um livro me caiu em mãos, via Círculo do Livro (!!!): Olympia, de Otto Friedrich (uma antiga resenha aqui). Na eepoca, eu começava a me interessar em Impressionismo e decidi encarar a leitura. Decisão acertada: Friedrich conta a história (e as fofocas...) por trás da obra famosa de Manet. Ao terminar o livro, acrescentei mais um sonho maluco a minha lista: ver Olympia ao vivo.
Corta a cena.
O ano é 1997 e estou mochilando na Europa, com o objetivo de ver o maior número possível de quadros de Van Gogh. É meu primeiro dia em Paris, e lá pelas 4 da tarde, estava perto do Musée D'Orsay, onde sabia que os Van Gogh's estavam. Tive uma "brilhante" idéia: ir ao D'Orsay me familiarizar com a sala dos Van Gogh's, vê-los en passant, e voltar no dia seguinte para ficar mais tempo, mas já sabendo onde eles estariam fisicamente no museu. Não "perderia tempo" no dia seguinte - tolinha eu... mal sabia que perder tempo é o que se deve fazer em Paris... Enfim, ao chegar no D'Orsay no fim de tarde, peguei um mapa, localizei a sala dos Van Gogh's e decidi ir firmemente até lá. Eis que entro numa das salas em que eu cortava caminho e dou de cara comOlympia. Enorme, um quadro ocupando toda a parede, aquele sorriso desafiador, a nudez pacata de um Manet cheio de intenções. As emoções vieram à tona e as lágrimas desceram pela surpresa misturada de realização ao relembrar o sonho da juventude. Àquela altura da vida, eu nem sabia queOlympia estava no D'Orsay. Mas estava, e eu a encontrei. Os Van Gogh's ficaram pro dia seguinte. Fiquei o resto da tarde admirando Olympia, emocionada, realizada. O primeiro presente que Paris me ofereceu foi simplesmente inesquecível.