domingo, 20 de junho de 2010

"Paraísos Possíveis" apresenta obras de dois artistas em trânsito pelo mundo


Faltavam duas semanas para o término da 12ª Documenta de Kassel. A pequena cidade alemã recebia então um sem fim de pessoas de todos os lugares possíveis, transformando a paisagem normalmente bucólica em uma frenética. A mostra se realiza a cada cinco anos, ocupando diversos espaços com arte contemporânea de ponta. Um deles, em meio a um bem cuidado parque, é o museu Wilhelmshohe Castle. Em seu acervo estão raridades de Rembrandt e Frans Hals, da era de ouro holandesa. Em uma das salas, a obra “Funk Staden”, de Dias & Riedweg, até então por mim desconhecidos. Essa junção do atual com o antigo por si só já transformava a experiência em algo único. Subitamente, minha atenção foi despertada por uma música vinda diretamente dos morros cariocas: “Eu só quero é ser feliz”. O corpo teve dúvidas se dava uma leve dançada, denunciando a origem, ou se ficava quieto para não dar bandeira. Em questão de segundos o lugar se encheu de visitantes a observar a obra da dupla, formada por um brasileiro e um suíço.
E que não arredaram o pé enquanto não viram a vídeoinstalação em sua íntegra. Inspirada em ilustrações do holandês Hans Staden, que retratou uma tribo Tupinambá nos princípios da nossa colonização, apresentava um paralelo entre o canibalismo e selvageria de então com as cenas atuais das favelas do Rio de Janeiro. Homens e mulheres se posicionavam tal qual as gravuras, atuando de maneira real ou fictícia. De fato, meu imaginário com relação a esse universo me fez acreditar que as imagens eram representativas de uma situação corriqueira. Imagino que para aqueles estrangeiros também.

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